segunda-feira, 23 de julho de 2012

A Culpa Algoz da Alma



“...Tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de Ti todos os meus pecados”.(Isaías, 38. 17b)
Os efeitos do pecado, por maior que este seja ou aparente, não sobrepujam os efeitos da Graça perdoadora. Isaías escreveu sobre a alegria de se sentir perdoado. De alma leve podia então prosseguir, porque o Senhor descartou-lhe o peso insuportável dos seus pecados... Esta alegria não foi um privilégio apenas de Isaías; Abrão, Moisés, Jacó, Davi, Salomão, a samaritana, e Pedro - o covarde traidor a quem incrivelmente o Senhor confiou Sua Igreja, todos pecaram feio e tiveram motivos de sobra para desistir, mas prosseguiram.
O fato atual é que, quando o assunto gira entre pecado e perdão, o legalismo religioso de muitos passa longe do elementar conhecimento do modus operandi de D-us quanto ao Seu perdão e à legítima oportunidade que dá ao homem para o recomeço.
Pecados arrependidos, confessados e abandonados perdem o efeito espiritual da culpabilidade, pois são literalmente apagados por D-us, esquecidos. Embora, na maioria das vezes, o sentimento de culpa persista torturando, dificultando o perdão pessoal. Às vezes é difícil nos perdoar os pecados perdoados! Difícil também é a convivência com irmãos e em igrejas, onde impera, mas não se vive, a teologia do perdão divino...
Paradoxalmente, o que deveria funcionar curativamente, na prática age como o pior algoz. Inconscientemente, talvez não percebamos que essa forma de encarar a culpa nos torna promotores do pecado e o seu estrago, quando deveríamos promover a Graça e o seu efeito neutralizador sobre o estrago que o pecado faz.
É claro que há conseqüências externas decorrentes das nossas falhas, e é impossível ignorá-las. Mas estamos falando aqui na eliminação das conseqüências internas, falando em seguir em frente, pois, isso D-us não faz por nós. Temos que reagir! Lamentavelmente, muitos têm permitido que pecados perdoados, espiritualmente inexistentes, os neutralizem por toda vida, vivendo como sob tortura, uma sub-vida cristã. Isso não é vida, muito menos cristianismo!
Para o verdadeiro cristianismo, o de Cristo, não o dos fazedores de regras e caçadores de argueiros (Mateus 7.3), viver sob a tortura da culpa é o mesmo que abrir mão da vida, vida cristã... Todo cristão é filho do Renovo, tem direto a uma nova chance. Não apenas isso, há tantas quanto forem necessárias....
Esta palavra é para que aqueles que aposentaram a vida cristã por não se perdoarem, pelo peso da consciência ou por imposição institucional religiosa. Se pecaram, e se arrependeram de verdade, sintam-se perdoados no Senhor e vivam esse perdão! Ninguém tem autoridade para fazer cessar o frutificar da árvore da Vida em nós. Ninguém! Somos todos galhos d´Ela, aprendemos isso com Jesus, a Videira. Portanto, galhos não escolhem frutificar - estão ali para isso!
O poeta Thiago de Melo, escreveu: “Não tenho um novo caminho, o que tenho de novo é o jeito de caminhar”. Não temos à frente uma encruzilhada, mas o mesmo caminho a prosseguir. Desta vez, caminharemos com mais cuidado, e amadurecidos pelas experiências das velhas caminhadas...
Que sirva de bênção, avivamento e renovação!
Em Cristo.    Rev. Ricardo Vasconcelos  I P P

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Transformando Vales em Manaciais



"...todas as coisas cooperam juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,daqueles que são chamados segundo o Seu decreto."  Romanos,8:28
         Vida cristã não é um seguro contra os problemas da vida. Não somos poupados das aflições. Estamos sujeitos às mesmas crises que assolam a todos os mortais. O que nos diferencia daqueles que não conhecem a Deus não são as circunstâncias, mas como reagimos a elas. O cristão é alguém que deve ter uma percepção clara da soberania de Deus em sua vida; não olha para ela como se os problemas acontecessem por um determinismo cego, nem encara os acontecimentos como resultado do acaso. Mesmo entrincheirado por circunstâncias adversas, o cristão entende que todas as cousas cooperam para o seu bem. Mesmo no vale, ele não descrê do amoroso propósito de Deus e da possibilidade da sua intervenção libertadora.
  O cristão não é apenas alguém resignado. Ele não é um conformista. Ele reage de forma transcendental quando é acuado pelas crises. Na hora do aperto, ele não se encaverna picado pelo veneno da auto-comiseração. O cristão não é poupado do vale, mas não se capitula no vale; antes, o transforma num manancial. Ele pega a pedra que fere os seus pés e faz dela um travesseiro. Ele recolhe as flechas envenenadas que são atiradas contra ele e as devolve em gesto de bondade. Ele, mesmo injustiçado e traído pelas pessoas mais íntimas, não permite que seu coração seja um porão de revolta, mas aguarda o momento de pagar o mal com o bem. O cristão é alguém que ora pelos seus inimigos e abençoa a quem o maldiz. O cristão aprendeu com Jesus a ser manso e humilde de coração, por isso, não vive brigando por seus direitos, mas, antes numa pugna acesa, resolve sofrer o dano a alimentar uma querela. A arma do cristão é o amor. Sua força maior é o perdão. Sua confiança absoluta é que Jesus está na sala de comando da sua vida. Por isso, não se desespera, pois sabe que o Senhor julga a sua causa e que o toma pela sua mão direita, o guia com o seu conselho eterno e depois o recebe na glória.
  Muitos de nós estamos passando por provas. Esse é um tempo de muita aflição. Há irmãos enfermos, outros enfrentando turbulências na família. Há aqueles que passam pelo vale financeiro, vivendo um tempo de escassez, encontrando no caminho portas fechadas. Não poucos vivem angustiados, deprimidos, ansiosos quanto ao futuro. Para triunfarmos nas crises, não podemos olhar para as circunstâncias, mas fixar os nossos olhos em Jesus. Ele pode nos fazer andar sobre o mar revolto das nossas dificuldades. Ele pode fazer cessar o vento contrário que nos açoita. Ele pode acalmar o vendaval da nossa vida. Ele pode nos levar em segurança ao nosso destino. Ele pode reverter situações humanamente impossíveis. Ele está no trono. Ele jamais abriu mão de ser Deus Todo Poderoso. Ele opera maravilhas ainda hoje. Ele pode transformar os nossos vales em mananciais!

Rev. Hernandes Dias Lopes


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Liberdade, graça, cura e certezas



Olhar a vida com tristeza e entrega é não perceber a dimensão maior do evangelho. É desconhecer que cada momento da presença de Jesus entre nós apontava permanentemente para uma direção inesperada, grávida de esperança para sorrir. Em meio à escravidão, Jesus nasceu para oferecer a liberdade; em meio ao pecado, Jesus caminhou para ofertar a graça; em meio às enfermidades, Jesus optou por conceder a cura; em meio à morte, Jesus ressuscitou para nos fornecer certezas.
Liberdade, graça, cura e certezas foram palavras amigas de Jesus. Ao experimentar a realidade das pessoas, o Senhor sempre apresentou compromisso com estas práticas. É por esta razão que em Cristo há “novidade de vida” (2 epístola aos Coríntios 5.17), pois nEle residem os alicerces interiores que conferem toda diferença àqueles que confiam em sua presença.
Estamos livres dos pecados e de tudo mais que torna a vida menor, vazia, inconstante, pouco terna, desrespeitosa e cansativa. Somos libertos do passado, das acusações, das culpas mesquinhas, da covardia e daquilo que poderia ter sido diferente e não foi.
Experimentamos a graça. Em Deus reside toda bondade, cuidado, providência, amor, proteção e segurança - expressões da gratuidade. Alcançados pela dádiva, somos instados ao prazer de viver em Cristo, convidando outros para que desfrutem desta experiência.
Em Jesus somos chamados à cura. A terapêutica experiência da presença de Deus é capaz de dar sentido, orientação e consolo a todos, inclusive em meio a tantas enfermidades. É também na dor que o Senhor sara a sua gente. Através de seu Filho, tudo que necessitamos foi preparado e concedido para que mediante o seu propósito pudéssemos compreender as restaurações que Ele opera em nós ao longo do tempo.
Fundamentados em certezas nossos corações emergem de alegria. A alegria é esta postura interior que concede força para o enfrentamento das mais diversas situações da vida com a cabeça erguida e a convicção de que sabemos em quem temos crido e que Ele é poderoso para nos fazer caminhar por lugares nunca imaginados pelo nosso próprio coração e nos conceder vida com qualidade. É por essas e tantas outras razões que a alegria é a nossa força e sustentação.


 Sérgio Andrade
Catedral Anglicana  - Recife