“Dirigiu-se
Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu:
Dize-a, Mestre. Certo credor
tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta.
Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles,
portanto, o amará mais? Respondeu-lhe
Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste
bem. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei
em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés
com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.Não me deste ósculo; ela, entretanto,
desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça
com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés. Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos
pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
(Lucas 7.40-47)
Jesus estava num banquete
protocolar na casa de um fariseu, quando uma mulher sem identidade resolveu
prestar o seu culto àquele que a perdoou por inteiro. Ela não se intimidou com
as formalidades e nem ficou refém dos preconceitos moralistas dos fariseus. Ela
sabia de fato quão grave era o seu pecado e quão grande foi o seu perdão, por
isso expressou o seu sincero amor a Deus. “Mas vem a hora e já chegou, em
que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque
são estes que o Pai procura para seus adoradores” (João 4.23).
A adoração dessa mulher revela
sua profunda gratidão. A adoração ao Senhor Jesus Cristo é consequência da
maior gratidão. A maior gratidão é o resultado do maior perdão. O maior perdão
é por causa da existência dos maiores pecados. Os maiores pecados são produtos
dos piores pecadores. Os piores pecadores são aqueles que, perdoados, se tornam
adoradores agradecidos que se veem aceitos e acolhidos incondicionalmente pela
graça do Salvador gracioso.
A adoração, assim, não é a
sobra do nosso tempo, nem os resíduos dos nossos bens, tampouco o restante do
nosso ser cansado e exaurido perante o Senhor, depois de um dia cheio de
atividades sociais ou de trabalho. Deus não recebe esmola ou sobejo de uma vida
dividida em agradar a muitos senhores. Adorar é a essência da existência do
pecador que, consciente de ter sido alcançado pela graça, não esconde nada
diante do seu Senhor. A miséria do nosso pecado e a grandeza do perdão que
Jesus nos concede são os elementos principais que nos levam a adorá-lo sem
reservas.
Simão, o fariseu que
recepcionava Jesus em sua casa, não conseguia perceber a adoradora abrigada
naquela pecadora desprezível, porque os seus olhos poluídos de si mesmo só viam
os seus pecados. Jesus, o reto árbitro que não julga as aparências e
anota apenas o que vem do coração, compreendeu o juízo de valor que procedia
daquele | “santo envernizado” e o confrontou:Simão, uma coisa tenho a
dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um
lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta. Não tendo nenhum dos dois
com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? (Lucas
7.40-42)
Como um bom judeu, Simão era
ótimo em cálculo. “Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais
perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem” (Lucas 7.43). Jesus apreciou a
resposta de Simão, posto que ele havia percebido que há um maior perdão para
aquele que tem uma maior dívida. Isto pode muito bem significar que o maior
pecador perdoado será sempre o mais agradecido dos adoradores.
A falta de compreensão da
seriedade e abrangência do pecado é o principal responsável pela deficiência na
estimativa da grandeza do perdão. O verdadeiro adorador é sempre uma pessoa
totalmente indigna que se percebe realmente perdoada e aceita por uma graça
plena e incondicional.
Quanto mais alguém alcançado
pela graça se expõe à luz do evangelho, mais percebe em si as falhas
decorrentes da natureza pecaminosa. Quanto mais se vê pecador, mais almeja a
santidade. Quanto mais sobe a montanha da santidade, mais adquire consciência
do seu pecado. Quanto mais consciência do seu pecado, mais carência da
plenitude da salvação. Quanto mais necessidade da plenitude da salvação, mais
se expõe à luz do Evangelho e mais a vida cristã se torna totalmente dependente
da suficiência de Cristo, e, consequentemente, mais intensa será a adoração.
A ausência da verdadeira
adoração vem sempre em consequência da falta de visão de quem somos de fato e
de quão grave é o nosso pecado, bem como da falta de revelação de quem é o
Senhor Jesus Cristo e seu perdão irrestrito e eterno.
A religião farisaica dá
banquetes para Jesus, mas não consegue prestar um culto verdadeiro. Uma coisa é
a cerimônia formal, outra bem diferente é o coração grato diante da exuberância
da graça. A crise da igreja atual é uma crise de adoração. A
escassez da visão de Cristo e de sua obra consumada no Calvário é a causa da
ausência da verdadeira adoração, por isso vemos muitos se prostrando em cultos
falsos diante de alguém que não é Deus, e fazendo do altar um espetáculo
bizarro e patético. Estamos sempre em perigo diante da liturgia à criatura. “Prostrei-me
ante os seus pés para adorá-lo. Ele, porém, me disse: Vê, não faças isso; sou
conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus”.
(Apocalipse 19.10)
Maior tempo na presença de
Cristo adorando trará melhores tempos em companhia dos nossos irmãos.
Precisamos de um ciclo de mutação que nos leve da comunhão com Deus para a
companhia dos homens e nunca da companhia dos homens para a comunhão com Deus
como temos feito atualmente. A fraqueza da nossa vida espiritual é que somos
demasiadamente antropocêntricos e não Cristocêntricos. O nosso culto,
infelizmente, quase sempre visa agradar aos homens e não glorificar ao Senhor.
Enquanto Simão procurava servir
a Cristo com o seu jantar, a mulher pecadora o adorava acima de qualquer
pretexto. A verdadeira adoração é o resultado de um profundo reconhecimento.
Essa intensa gratidão é o produto de um perdão irrestrito e essa remissão
completa é uma obra absoluta do Salvador soberano e suficiente.
Aleluia pelo valor da adoração
movida pelo Espírito Santo e que se baseia tão-somente no plano da redenção de
Deus Pai, consumada na cruz por Jesus Cristo, O Filho Eterno, que faz com que
pecadores redimidos sejam chamados de “adoradores eleitos”.
No amor dAquele que nos amou
primeiro,
Ézio Lima, pr
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